O nome Cocal, referencial de
identificação da região que antes era conhecida como Data Capiberibe, foi
elaborada pelos fundadores do novo município para homenagear a “primeira
moradora” do lugar, a viúva Camila Silva, que tinha plantado à frente de sua
residência duas enormes palmeiras do coco babaçu. Mas a história do município
de Cocal não pode ser banalizada por um fato isolado que restrinja discutirmos
a presença de outros povos em nossa região além da citada existência da família
de Camila Silva.
A história nos remete a um
passado muito mais extraordinário do ponto historiográfico e que somente
levantado um apanhado minucioso e criterioso de cunho científico, poderemos
entender e desvendar a nossa própria história. Durante décadas o município de
Cocal esteve submetido a uma farsa agonizante de desenvolvimento, liderado por
uma elite de déspotas esclarecidos que manusearam e modificaram o verdadeiro
sentido da palavra progresso.
PRÉ-HISTÓRIA
Para conhecermos um pouco
melhor Cocal, precisamos remetermos a tempos remotos, para então podermos
remontar um progresso tão almejado. A começar pelo contexto pré-histórico, onde
nosso município fazendo parte, ainda preserva vários vestígios de antigas
civilizações, onde encontramos inúmeras pinturas rupestres que datam de
milhares de anos. Outro legado desses grupos são os inúmeros nomes de lugares e
objetos de origem indígena que adotamos em nossa linguagem como: Coivara (fogo
no mato), Piranji (rio do peixe), Pirapora (salto do peixe), Itapecuru (serra
alta), Caatinga (mato branco), etc.
Durante milênios se
desenvolveram sociedades tribais organizadas que dominaram toda a região
vivenda da caça e da pesca. As regiões com maior frequência desses vestígios no
município de Cocal compreendem o Caldeirão de Pedra, Pedra de Torres, Pedra
Pintada, Cafurna, Serra do Chumbo, Serra do Arco, Barreiro e etc., onde
encontramos uma enorme variedade de vestígios humanos que nos remontam a nossa
pré-história.
COLÔNIA E MONARQUIA
Desde o período das
Capitanias Hereditárias, nossa região ficou subordinada ao domínio português
onde, ora pertencente à Capitania do Maranhão, ora à de Pernambuco, mas
ignorada por séculos por não ser no litoral e nem possuir terras férteis para a
plantação da cana de açúcar (principal produto de exportação para Europa,
produto este que fez da região nordeste a primeira região mais rica do país).
Era conhecida como Sertão de Dentro e servia apenas como espaço intermediário
entre duas cidades importantes da época, São Luiz (MA) e Fortaleza (CE).
Nativos que viviam nessa
região fugiram para o vizinho estado cearense quando se deu a exploração dessas
terras pelos colonizadores enviados pelo Rei de Portugal para explorar e ocupar
a fim de que não fossem invadidas por povos estrangeiros, e para isso instaram
fazendas de gado.
Na região conhecida como
Frecheiras, encontra-se um templo construído em épocas remotas o qual desafia o
tempo e a própria imaginação humana.
O templo de Nossa Senhora do
Rosário, historicamente tem chamado a atenção de curioso e historiados pelo
total desconhecimento de sua construção e pelas lendas que envolvem aquele
magnífico tesouro historiográfico, a começar pela sua datação, confeccionada em
alto relevo, representada por quatro números em posição circular cunhadas em
folhas de um trevo estrategicamente em uma de suas torres, observa-se o número
1616. Sendo essa a data de sua edificação, torna-se a igreja mais antiga do
Piauí, e uma das mais antigas do Brasil.
Mas não só pela sua datação,
vários vestígios caracterizam sua formação, similar às igrejas jesuíticas do
período colonial construídas no litoral nordestino, típica dos jesuítas
maranhenses. As paredes do templo chegam a mais de um metro e meio de largura,
sendo todas construídas em pedra e um tipo de argamassa ainda não identificada.
Em seu interior encontram-se imagens antiguíssimas, como a de Nossa Senhora do
Rosário do estilo barroco século XVIII, pesando aproximadamente 80 kg, e
esculpida em madeira com uma fina cobertura de resina colorida. Possuí uma
iluminação à base de carbureto que passa por uma encanação metálica – ou cobre
– percorrendo todo o templo e terminando em um tonel. Nas paredes laterais
encontramos inúmeras lápides com inscrições dos descendentes falecidos e
sepultados naquele lugar, dentre elas, há uma inscrição sobre a presença do
Alferes José de Almeida Portugal. O altar é esculpido todo em madeira e tem uma
composição de cores e estilo similar aos altares góticos na Europa.
O templo de Nossa Senhora do
Rosário pode ter sido construído pelas missões jesuíticas no século XVII numa
posição estratégica para as respectivas missões e catequização do estado do
Piauí.
UMA DAS PRIMEIRAS MORADORAS DE COCAL, NÃO A
PRIMEIRA
É fato que há mais de 200
anos já existiam várias famílias residindo nessa região, e que ajudavam a
atrair outras famílias oriundas do vizinho estado do Ceará que desciam da Serra
da Ibiapaba e se aventuravam na procura de terrenos férteis para plantar e
conseguir, através de doações, “sesmarias” ou da compra de terrenos, garantir o
seu sustento e ter a sua propriedade.
Antigos moradores relatam a
existência de uma senhora branca e cabelos lisos, conhecida como Camila Silva,
habitando este lugar, morando em uma casa onde plantara duas palmeiras em
frente, que servia de local de descanso para muitos viajantes e seus animais
que por ali passavam. À base de relatos a respeito dessa senhora, Cocal ficou
conhecido entre seus habitantes por muito tempo como a “terra de Camila Silva”,
sendo esta “a primeira habitante de Cocal”, mito este que não é verdade, pois
até mesmo povos indígenas já habitavam este lugar, como este mesmo artigo
menciona acima.
DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento da região
deu-se principalmente à sua proximidade com a cidade de Parnaíba (PI), a cujo
município pertencia, e do qual recebia influência comercial. Mas um fato
decisivo para o progresso da região foi a construção de uma estação ferroviária
que ligaria o porto marítimo da cidade de Luís Correia (MA), passando por
Parnaíba até a capital Teresina (PI), inaugurada em 1923, período em que a
região ainda se chamava Data Capiberibe. A vila prosperou rapidamente, onde
anos depois passou a ser o principal centro de distribuição de gêneros
alimentícios.
O comércio local se
desenvolveu, sendo os comerciantes os responsáveis pela emancipação desse
lugar, pois formularam um abaixo assinado que solicitava ao governado do Piauí
a criação do novo município, em 1973, mas somente em 22 de agosto de 1947, este
povoado foi elevado à categoria de cidade.
NO PRÓXIMO ARTIGO: PONTOS TURÍSTICOS DE
COCAL.
Esse
artigo é composto de fragmentos retirados da obra literária Cocal, do escritor João Araújo Passos, também professor, historiador, poeta, filho de
Cocal, apaixonado por esta terra e seu povo. (Gentilmente cedido)
Certo. A família a que faz referencia a Igreja, que tem propriedades em Frecheiras desde o período Colonial está anônimo nessa História. Porém a "barragem" do orgulho e da prepotência não vai segurar muito tempo a verdade que se encontra por trás da História da Igreja.
ResponderExcluir